Em março deste ano, mais de 55,3 mil pessoas estavam na lista de espera por um rim, um coração, um fígado e outros órgãos no Brasil, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, publicação da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. No Rio Grande do Sul, eram 2.877 pacientes aguardando, contra apenas 24 doadores efetivos. O abismo entre número de doadores e a fila de espera é uma realidade em todo o país e, para tentar equalizar essa conta, é que existe a campanha Setembro Verde, que promove a conscientização sobre a doação de órgãos.
A efetivação de uma doação esbarra, na maioria das vezes, na negativa familiar do paciente com morte encefálica, afirma a enfermeira Dircelene Bertollo Heck, coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de doação de órgãos e tecidos (Cihdott) do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), grupo que oferece apoio às famílias dos pacientes e auxilia nos trâmites da doação, caso seja permitida. Segundo a profissional, que há quase uma década atua nessa função, é preciso que os parentes assinem um termo autorizando a doação para que ela possa ser executada. Por essa razão, é tão importante se manifestar doador em vida e deixar isso claro para os familiares.
“A família precisa entrar em um consenso e, às vezes, isso é difícil. Por falta de informação, as pessoas ainda têm dificuldade em entender o processo. Além disso, questões religiosas também são usadas como argumento para dar a negativa”, relata.
O estado clínico do potencial doador também pode ser um empecilho para seguir com o processo de doação de órgãos. Após a confirmação da morte encefálica e autorização familiar, o paciente é submetido a alguns testes, como de sorologia, por exemplo.
“Quanto mais as pessoas doarem, mais isso vai servir como estímulo para outras seguirem o mesmo caminho e, consequentemente, mais pessoas serão ajudadas. Depois que uma pessoa morre, qual ação poderia ser mais bonita do que doar um órgão?”, questiona o urologista do HCI Leonardo Bandeira.
Um salva muitos
Referência para mais de 280 municípios gaúchos, o HCI é credenciado para realizar transplantes renais. Em média, a instituição faz entre 10 e 12 procedimentos desses por ano. Além disso, a casa de saúde trabalha com a captação de outros órgãos, como pulmões, fígado e coração.
Para além das ações promovidas em setembro, a Cihdott realiza, ao longo do ano, atividades de conscientização dentro e fora do hospital. A equipe, composta por enfermeiros, médico e assistente social, visita escolas, empresas e outras instituições para falar sobre a importância de se declarar doador em vida.
“Só no HCI, temos cerca de 1,5 mil colaboradores. Se cada um deles levar a informação para suas famílias e rede de amigos, vai disseminar essa corrente do bem”, finaliza a enfermeira.
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