Diagnosticado com uma insuficiência renal crônica aos 31 anos, Ramon Pedroso viu sua vida mudar completamente em 2020. Morador de Três Passos, ele precisou adaptar a rotina para viajar até o Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), distante cerca de 120 quilômetros, três vezes por semana, para fazer diálise. “Não conhecia a doença e não sabia como seria minha vida a partir dali”, conta.
Geralmente, a enfermidade é causada em decorrência de outras doenças, como hipertensão e diabetes. No caso de Pedroso, ao buscar o diagnóstico o rim já estava sem função, situação causada por uma possível nefropatia autoimune. Nessas situações, há três tratamentos disponíveis: diálise, diálise peritoneal e transplante – considerada a terapia definitiva. Entretanto, como o diagnóstico foi descoberto em plena pandemia, Pedroso só conseguiu fazer os exames prévios ao transplante em 2022. “Fiz vários testes e fiquei na fila de espera”, relata.
Atualmente, existem dois tipos de doadores de rim possíveis: vivos (parentes ou não) e falecidos. Para acelerar o processo de transplante, a esposa de Pedroso, Dalila de Souza Bueno Pedroso, 29, resolveu se candidatar à doação. Ela fez todos os exames que, felizmente, apontaram compatibilidade. “Tínhamos uma consulta no dia 16 de outubro para mostrar os resultados e avaliar uma data para a cirurgia”, destaca a mulher, casada com ele há 14 anos.
Por ironia do destino, no dia 5 de outubro, Pedroso recebeu a confirmação de que um órgão compatível estava a caminho e que o transplante ocorreria ainda naquele dia. “Na hora que me ligaram foi um susto”, relembra. Para Dalila, além de alegria, a notícia foi motivo de alívio. “Eu estava disposta, pensava que seria feita a vontade de Deus, mas também com muito medo”, confessa.
O presidente do HCI, Douglas Prestes Uggeri, especialista em nefrologia, foi o médico responsável por todo o tratamento de Ramon. Ele explica como funciona a fila para transplantes de órgãos no Estado: “Existe um sistema na Central Estadual de Transplantes em que são cruzadas as informações dos potenciais doadores e dos receptores ativos – e aí a compatibilidade entra em cena, assim como a situação de saúde da pessoa. Os potenciais receptores que tiverem a maior pontuação no Sistema Nacional de Transplantes são os que entram nas primeiras posições”.
Passados quase dois meses do procedimento, Pedroso se recupera bem. Tem acompanhamento médico frequente e retomou sua rotina diária. Após a experiência, o casal compreendeu ainda mais a importância de se declarar doador em vida e tornar essa informação de conhecimento da família. “No fim, é ela quem toma a decisão. Desejamos que os familiares do meu doador sintam nosso agradecimento. É um momento de tristeza em que você está tão focado na perda, mas tem pessoas que lembram de ajudar ao próximo também. Isso é maravilhoso”, comemora Ramon.
O HCI tem, em sua infraestrutura, um espaço que atende doenças renais em sua integralidade – do diagnóstico ao transplante. A instituição conta com ambulatório para tratamento de doença renal crônica, internação hospitalar e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de três terapias: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Tudo isso com uma equipe multidisciplinar, que busca prestar um atendimento humanizado a pacientes e seus familiares, sendo referência para toda a macrorregião.
Atualmente, são cerca de 170 pacientes atendidos mensalmente na Hemodiálise, 20 no tratamento de Diálise Peritoneal e mais de 100 transplantados seguem em acompanhamento. Desde 1986, quando iniciaram os transplantes renais no HCI, mais de 120 cirurgias foram realizadas, entre doadores falecidos e vivos.
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