Falta de mais esclarecimento dos familiares é a principal dificuldade enfrentada pelo Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) e demais entidades de Saúde quando o assunto é doação de órgãos. Para conscientizar o maior número de pessoas sobre a importância do tema, a Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) da instituição vem desenvolvendo, desde a última semana, atividades dentro da campanha Setembro Verde, e que marcam também o Dia Mundial de Doação de Órgãos, celebrado hoje.
Conforme a coordenadora da Cihdott do HCI, enfermeira intensivista Dircelene Heck, o objetivo é divulgar o assunto entre os colaboradores, pacientes e familiares, buscando mobilizá-los para que conversem com seus familiares e, em seus meios de convivência social, possam se tornar disseminadores de informações. “A doação somente é possível com consentimento familiar. O potencial doador deve verbalizar em vida sua vontade de doar órgãos, e a doação só acontece por esse ato de amor da família, de solidariedade com o próximo, porque sabemos que as filas de espera têm um grande número de pessoas à espera de uma doação”, frisa Dircelene, lembrando que documentos expressando o desejo de ser um doador não têm validade legal, ficando a decisão restrita aos familiares.
A Cihdott do HCI, criada em 2008, é formada por uma equipe multiprofissional composta por médico e enfermeiros. “É um trabalho de grande relevância para a sociedade, de muita responsabilidade, extremamente ético. A Cihdott acompanha a família oferecendo suporte, apoio psicológico e a oportunidade para mesmo em um momento de muita dor e delicado, poder decidir pela doação de órgãos, que só é possível através de um gesto de muito amor ao próximo, de empatia e solidariedade”, acentua Dircelene.
A definição de quais órgãos e tecidos serão doados é de responsabilidade da Central de Transplantes, a partir dos resultados de exames clínicos, complementares e de imagem, feitos no potencial doador no HCI. Em 2021, foram abertos 10 protocolos até o momento, que resultaram em duas captações, dois tiveram contraindicações, devido a alterações de exames, e seis recusas familiares. “O trabalho com a família é delicado, porque precisamos prestar apoio desde a admissão do paciente na UTI. A equipe se mobiliza para tentar proporcionar todo o apoio psicológico e tudo que a família necessitar nesse momento, que é de extrema dor”, conta a coordenadora da Cihdott. “Há bastante resistência por parte das famílias quanto à doação de órgãos, e isso acontece porque a maioria das pessoas não quer falar sobre a morte, e existem muitos tabus e falta de informações em relação ao assunto.”
Por estar localizado no interior do Estado, a logística, por vezes, também pode ser prejudicial à doação, já que é necessário transporte aéreo. “Em virtude do tempo de isquemia entre a retirada e o transplante, cada órgão possui um tempo específico. Como a distância é grande, o acesso aos hospitais, especialmente do interior, se dá por meio de aeronave e tudo precisa estar muito bem sincronizado entre as equipes para que não haja falhas no processo. Essa logística também é imprescindível para liberação o mas rápido possível do corpo a essa família que optou por realizar esse ato tão nobre”, supervisora de Enfermagem do HCI, a enfermeira Francieli Krey.
Para reduzir as barreiras à doação de órgãos, a Cihdott realiza um trabalho intenso de divulgação interna, nos três turnos, realizando a entrega de informativos, adesivos e o laço da campanha. “Se cada um disseminar em sua família, em seu meio de convivência, temos um trabalho proveitoso de conscientização na comunidade, porque somos 1,2 mil colaboradores”, finaliza Dircelene.
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