Referência para mais de 280 municípios da macrorregião, o Hospital de Clínicas Ijuí (HCI) passa, nos últimos anos, por uma grande reestruturação. Prezando pela transparência, a diretoria comemora os bons resultados da gestão que, desde 2021, realiza um trabalho árduo para equilibrar as contas sem perder de vista a principal razão da existência da instituição: atender a população com qualidade e excelência. Para 2025, ano em que o HCI comemora seus 90 anos, os desafios são grandes, porém, as perspectivas são animadoras. Quem conta um pouco mais do que aconteceu em 2024 e o que está por vir é o diretor executivo do Hospital, Jeferson Machado Pereira.
Quais os destaques da área assistencial ao longo de 2024?
Tomamos medidas importantes que têm permitido aumentar nossa eficiência e, consequentemente, produzir mais com menos. Conseguimos ampliar o número de internações em comparação a 2023, resultado de uma gestão eficiente que reduziu a média de permanência hospitalar, possibilitando atender um maior número de pacientes.
O que mudou?
Em 2022, a média de permanência era de 4,6 dias por internação. Atualmente, conseguimos reduzi-la para 4,2 dias. Essa diminuição permite aumentar em 10% o número de pacientes atendidos sem elevar o total de diáras. Para alcançar esse resultado, implementamos ajustes na operação assistencial, como a antecipação de exames e altas, sempre que possível. Outra estratégia essencial foi limitar as internações a pacientes cujas condições de saúde estão dentro da nossa área de referência. Além disso, priorizamos a hospitalização de casos de alta complexidade. Recebemos, ainda, muitos pacientes de outros municípios nesse perfil e, após a estabilização do quadro, encaminhamos o retorno ao hospital de origem em sua cidade.
Qual é o impacto dessas mudanças?
Somos um hospital de alta complexidade. Precisamos atender pacientes que exijam tal complexidade de atendimento. Nossa taxa de conversão no Sistema Único de Saúde é de 30%: a cada três pacientes que entram na emergência, um é internado. Isso porque regulamos melhor a entrada. Só trazemos para cá casos graves, pois é aí que realmente conseguimos salvar vidas. Estamos atendendo aqueles que realmente precisam ser atendidos.
E as finanças do HCI, como estão?
De 2013 a 2020, a operação era deficitária no HCI. Todos os anos a instituição fechava com prejuízo. Assumimos a gestão aqui em 2021, e foi um ano bastante difícil. Tivemos muitas atitudes vistas como antipáticas, mas precisávamos tomá-las para “organizar a casa”. Nosso endividamento teve uma leve alta em 2022, devido à pandeia, mas depois foi caindo, e começamos a operar no positivo. Se não tivéssemos feito nada, seria questão de tempo para a instituição quebrar. Caso não ocorra nenhuma mudança que impacte nesse cenário, caminhamos para não ter mais problemas. Em 2021, tivemos o primeiro superávit. No ano seguinte, um retrocesso, mas, depois disso, passamos a operar no positivo. Isso ajuda a amortizar as dívidas. Estou muito convicto que daqui para frente só vamos crescer.
Quais são os planos para investimentos em 2025?
Neste ano, fizemos vários investimentos em infraestrutura e nossa expectativa é ampliar em 2025. Vamos ter melhorias na hemodinâmica, uma nova braquiterapia, um novo acelerador linear – que são equipamentos grandes e caros. Teremos a conclusão da obra do Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), um novo espaço para o Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), início das obras na clínica cirúrgica, vamos melhorar a segurança com a colocação de catracas, além da ampliação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Tudo isso terá um investimento de cerca de R$ 25 milhões.
E qual é o grande desejo para 2025, quando o HCI completa 90 anos?
Conseguir a aprovação do Hospital do Câncer Infantil e avançar, ainda mais, como hospital escola. Em 2024, começamos a residência multiprofissional, mais um passo para nos tornarmos referência em educação e pesquisas clínicas.
E quais são as perspectivas para o Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP)?
Notamos que a indústria tem nos visto com bons olhos. Estamos negociando vários protocolos para 2025. Temos uma capacidade de recrutamento muito grande. Estamos entre os maiores recrutadores de um estudo sobre câncer de pescoço e cabeça. Na área de odontologia, também nos destacamos nacionalmente como o maior recrutador em uma pesquisa que avaliou a eficácia de um medicamento para alívio da dor após a extração do siso.
Qual o grande desafio para os próximos anos?
É crescer naquilo que somos bons, nos procedimentos complexos, que pode ser na área de Cardiologia, Oncologia, Neurologia e Neurocirurgia. É transformar o HCI, cada vez mais, em um grande centro de saúde para toda a região.
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