A campanha Janeiro Seco, lançada no Reino Unido em 2023, tem ganhado cada vez mais adesão ao redor do mundo. O objetivo é passar 30 dias sem consumir bebidas alcoólicas durante o primeiro mês do ano, promovendo a redução dos danos causados pelo consumo excessivo da substância, especialmente após as festas de fim de ano. Além de ajudar na desintoxicação, especialistas destacam que os benefícios dessa prática podem ser duradouros, impactando positivamente tanto a saúde física quanto a mental.

O médico psiquiatra do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI), Bruno Guidolin, reforça o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirma não existir uma quantidade segura de álcool para o organismo. “Ele pode causar problemas independentemente da quantidade consumida, pois cada pessoa o metaboliza de forma diferente”, argumenta.

Para ele, a campanha é positiva, pois incentiva a abstinência total por pelo menos um mês, promovendo um início de ciclo mais saudável. “A pessoa pode se sentir melhor e até decidir não retomar o consumo, o que seria o ideal. A maior dificuldade, no entanto, é a pressão social, uma vez que o álcool é uma substância amplamente aceita em nosso convívio”, explica.

Vale lembrar que a campanha é destinada exclusivamente às pessoas que não são dependentes. Nesses casos, a abstinência deve ser acompanhada por tratamento médico. “A pessoa com dependência não deve tomar essa decisão sozinha, pois precisa de controle especializado, que pode envolver medicamentos e, em muitos casos, internação para desintoxicação. Os sintomas da falta da bebida são mais graves nessas situações, logo, interromper o consumo abruptamente pode acarretar outros problemas”, observa o médico. “Se você não tem essa condição, mas sente dificuldades para passar esse período sem álcool, talvez seja o momento de avaliar sua relação com a bebida”, completa o especialista.

De acordo com a OMS, o consumo excessivo de álcool está associado a uma série de doenças graves, sendo uma das principais causas evitáveis de doenças e mortes. Confira as principais:

• Doenças hepáticas: Cirrose, hepatite alcoólica e fígado gorduroso.
• Câncer: Aumento do risco de cânceres no fígado, mama, esôfago, boca, garganta, cólon e reto.
• Doenças cardiovasculares: Hipertensão, AVC, cardiomiopatia alcoólica e arritmias cardíacas.
• Distúrbios gastrointestinais: Úlceras gástricas e pancreatite alcoólica.
• Problemas neurológicos e psiquiátricos: Dependência, ansiedade, depressão e danos cerebrais.
• Comprometimento do sistema imunológico: Maior vulnerabilidade a infecções.
• Distúrbios do sono: Insônia e sono fragmentado.