Era agosto de 2021 quando o arquiteto Lorenzo Cunegato, à época com 45 anos, foi diagnosticado com Leucemia Linfóide Aguda (LLA). Sua história seria mais uma entre os milhares de casos da doença registrados no Brasil a cada ano não fosse por uma particularidade. Ele é casado com uma hematologista – médica especialista em identificar e tratar doenças do sangue e da medula óssea.
“Como ele convivia comigo, sabia das histórias tristes de pessoas com a mesma enfermidade, mas me dizia: ‘não serei um dos desfechos negativos dos seus pacientes’. Naquele momento, me coloquei na posição de esposa, mesmo ciente de todos os processos que estavam acontecendo e do medo que estava sentindo”, relembra Cheila Eickhoff, que integra o corpo clínico do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI).
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima, para cada ano do triênio 2023-2025, mais de 11,5 mil casos de leucemia – existem mais de 12 tipos da doença, sendo que as mais frequentes são o leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC). A LLA é um tipo de câncer das células brancas do sangue, que começa na medula óssea e se espalha para outras partes do corpo.
Os sintomas mais comuns são cansaço, fraqueza, tontura ou vertigens, falta de ar, febre, infecções graves ou frequentes e hematomas ou hemorragias. No caso de Lorenzo, no entanto, a doença provocou um desconforto no ombro que acarretava amortecimento da mão e dos dedos. “Fui investigar o problema. Recebi a notícia em um sábado, quando estávamos em casa. O chão se abriu, um abismo se criou: e agora? O que fazer?”, conta o arquiteto.
Três dias depois, ele foi internado e iniciou o tratamento quimioterápico. Passou cerca de um ano hospitalizado, com pequenos intervalos de volta para casa. “Fiquei 21 dias na Unidade de Terapia Intensiva, e eu não sabia se voltaria. Foram momentos muito difíceis, tive que reaprender até a caminhar, mas sempre fui otimista e movido pela fé”, acrescenta.
Mês dedicado à conscientização sobre anemia e leucemia
Hoje, Lorenzo vive a fase de manutenção do tratamento, tomando quimioterápicos via oral e remédios que previnem complicações. Apesar de ainda precisar de cuidados, o processo deve chegar ao fim em dezembro de 2024, conforme determinação médica.
Cheila destaca que acompanhar o tratamento diário do marido nos últimos anos mudou sua vida tanto no âmbito pessoal quanto profissional: “Eu reforcei uma coisa que acredito muito, que é a importância dos afetos e cuidados com o paciente por parte do médico e da equipe da área da saúde. Passei a repensar como eu, Cheila, hematologista, posso ser melhor para cuidar dos meus pacientes e dos familiares. É uma dor que nos faz rever a vida”.
Neste mês, a campanha Junho Laranja se propõe a conscientizar sobre a prevenção da leucemia e da anemia. Ela reforça a importância da identificação precoce dos sinais e da doença a fim de iniciar o tratamento o mais cedo possível.
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