Recuperar a comunicação através da voz é um sonho para aqueles que tiveram que passar por uma laringectomia total – retirada das cordas vocais -, e que agora se torna uma realidade aos pacientes do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI). Conforme determinado pela portaria 3.728, de 22 de dezembro de 2020, a laringe eletrônica, dispositivo que permite a produção de fala a partir da produção de vibração pelo aparelho, que é transmitida através dos tecidos externos do pescoço ou bochecha, passa a ser oferecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, a pacientes no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Cada aparelho tem um custo médio de R$ 2,2 mil, movido a bateria recarregável. Ao colocá-lo entre o queixo e o pescoço e apertando um botão, o paciente faz com que ele emita uma vibração no local onde antes existiam as cordas vocais. É produzida uma voz robótica e distante do padrão vocal habitual, porém, é perfeitamente compreensível e possibilita maior independência na comunicação.
Na terça-feira, dois pacientes, clinicamente estáveis e com qualidade de vida, que serão beneficiados com o aparelho, participaram de treinamento, juntamente com as equipes do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), do Serviço de Nutrição e Dietética e da Fisioterapia, para o manuseio correto.
A ação integra a programação do Julho Verde, criada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, e tem por objetivo promover a conscientização mundial sobre os tumores de cabeça e pescoço, que representam o nono tipo de câncer mais comum no mundo, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). São considerados como câncer de cabeça e pescoço os tumores malignos nas regiões da laringe, boca, gengiva, amígdalas, céu da boca, língua, bochechas, tireoide, faringe, etc.
Cirurgião de cabeça e pescoço e diretor técnico do HCI, o médico Robledo Alievi foi o responsável pelo procedimento cirúrgico em um dos pacientes que receberá o aparelho, depois de 10 anos da realização da laringectomia total.
“Essa é uma ferramenta bastante conhecida como ‘pacientes que têm a voz de robô’. É a maneira mais fácil e rápida de os pacientes reabilitarem sua capacidade de comunicação, sendo um aparelho de uso relativamente fácil. Muitos pacientes conseguem utilizá-lo sozinhos, claro, o auxílio do fonoaudiólogo qualifica e acelera a recuperação e a qualidade do som, conseguindo lhes devolver essa capacidade de comunicação aliado à reabilitação social, no dia a dia. Tenho um paciente de Ibirubá, que é vereador, o que comprova ser este um meio que permite a recuperação rapidamente, voltando a normalidade da vida social, é um recurso sensacional”, comenta Robledo.
Agora, os pacientes contarão com o auxílio da fonoaudióloga do HCI, Carine Dalla Nora Siqueira, para o uso correto do equipamento. “As laringes eletrônicas serão entregues por mim, em terapia fonoaudiológica de reabilitação, para que possam usar de forma efetiva a voz de eletrolaringe”, reforça.
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